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Débora Lopez e os diálogos sobre novo jornalismo

A partir do momento em que o jornalista precisa lidar com novos formatos e tecnologias, a produção de conteúdo também passa por alterações. Esse foi o principal assunto abordado por Débora López (Universidade Federal de Ouro Preto) durante a segunda mesa redonda do Seminário Internacional Pensar e Fazer o Jornalismo, com o tema "As condições de produção do novo jornalismo", realizada nesta quarta-feira, 06.  

A palestrante falou especialmente sobre os efeitos da convergência midiática no rádiojornalismo. Ela ainda comentou, em entrevista, sobre as principais dificuldades para lidar com uma geração cada vez mais habituada às plataformas multimídia. 

Você falou sobre personalização de conteúdo. Qual seria o conteúdo e o formato voltado para essa geração mais jovem e que teve mais contato com o meio digital? 

A rádio de hoje vai falar para essa audiência também em espaços analógicos, principalmente no carro, né. O carro hoje é uma das salvações do rádio, principalmente no rádiojornalismo. Mas o principal pra fidelizar, pra trazer pra perto e tal é investir em conteúdos multimídia, investir em conteúdos que sejam facilmente compartilháveis e integrados às redes sociais e que tenham um interesse para essa audiência. Não adianta fazer um material que, de formato, é maravilhoso, e que fala uma coisa que o jovem não quer ouvir. Que fala, por exemplo, uma abordagem sisuda de política. Não deixar de falar de politica porque eu quero atender o jovem, mas eu tenho que falar de uma maneira que interesse essa audiência. 

A rádio também se adaptou para o meio digital, mas manteve sua plataforma original. Quais são as principais diferenças entre os dois formatos e o que faz com que a transmissão por antena ainda seja tão importante? 

O principal é justamente que o rádio por antena é monomídia (ele é só som) e o rádio nas plataformas digitais é multimídia e eu estou falando tanto de rádio digital quanto de rádio transmitido pela internet. No Brasi a gente ainda não tem o modelo de rádio digital, mas o rádio digital permite inclusão de vídeo, de texto, de foto e algumas iniciativas de interatividade. Então ele tem essa característica multimídia, ele entra no hall das multiplataformas. Hoje o rádio está na antena, mas ele também está no dispositivo móvel, e ai um grande problema pro rádio hoje tem sido a retirada da tecnologia de FM dos novos smartphones, porque o público jovem estava consumindo rádio em smartphone e agora provavelmente vai começar a voltar pra música. Mas a principal diferença, a principal vantagem da antena é também a sua principal desvantagem, que é o fato de ser monomídia. 

Como a rádio lida com a necessidade da audiência por imagens? 

Quem já consome rádio por antena já vai sabendo que vai consumir áudio, e a essência do radio mesmo nas plataformas digitais é sonora, então você vai ter muito material em áudio. Mas esse material pode ser complementado com vídeo, com foto, com infografia, com texto, (...) essas coberturas mais dinâmicas.